“Fiquei preso no trânsito”; “tive um imprevisto de última hora”; “fui chamado para uma reunião
urgente”; “estava em uma call, não pude atender”. Certamente cada um de nós já ouviu inúmeras
vezes explicações desse tipo ao questionar algum gestor ou auxiliar administrativo por ter deixado
de atender uma ligação telefônica que dependia de uma resposta sua, não chegar no horário
previsto para um compromisso pré-agendado ou deixar de comparecer por desinteresse ou por
não o considerar importante.
Embora sejam recorrentes no repertório linguístico corporativo, em tese, todas essas alocuções
dão margem a significados diversos do que seus propósitos podem sugerir. Ou seja, além de
pouco assertivas, em certas ocasiões essas expressões implicam desconformidades capazes de
comprometer o verdadeiro sentido da comunicação – transmitir a mensagem com clareza.
Da mesma forma, carregam o vício implícito e, às vezes até premeditado, do ruído, uma distorção
igualmente danosa à eficácia da comunicação. E mais do que isso: embora façam parte da
linguagem falada, dependendo do contexto em que são usadas, podem causar desconfiança,
desconforto social e até mesmo comprometer a credibilidade de quem as usa, inadvertidamente.
Sob a ótica da cultura organizacional, tal repertório também deve ser evitado como regra, por não
contribuir com a interação social, função por excelência da comunicação interna e externa nas
empresas. Objetivamente falando, esse tipo de linguagem pode comprometer o alinhamento do
discurso corporativo, sem o qual, perde-se o foco da comunicação. Adicionalmente, pode levar a
reputação da empresa a ser taxada de incoerente, acusada de pregar uma ética institucional que
não tem respaldo em suas práticas de comunicação organizacional.