A provável extinção da FEE -Fundação de Economia e Estatística, ligada ao governo gaúcho,
poderá trazer consequências negativas aos estudos de indicadores que facilitam e dão
consistência macroeconômica a planos de médio e longo prazos no Estado. Inclusa em um pacote
de ajuste das finanças públicas, pelo atual governo, a medida vem despertando uma extensa
discussão dentro e fora do território gaúcho, dada sua importância estratégica.
Dentre as tantas pesquisas e estudos realizados pela entidade, destacam-se por exemplo, “A
produção não capitalista – uma discussão teórica”, de 1985, e “Categoria econômica renda da
terra”, publicado em 1983. Esses estudos subsidiaram discussões teórico-práticas tanto no
ambiente acadêmico como no de negócios. Em Ciências Sociais, particularmente na área de
Sociologia do Desenvolvimento, a contribuição da FEE despertou o debate de muitas teorias e
teses sobre o dualismo Centro-periferia, que tiveram seu auge entre os anos de 1970 até meados
de 1980. A partir daí, foram bastante relativizados na esteira da globalização que, no Brasil, em
particular, foi antecedida pela chamada reestruturação produtiva. Essa, por sua vez,
“reengenheirou”; a economia-sociedade, no bojo do embalo”modernizante” em que emergiu uma
das primeiras ondas neoliberalizante no País, coincidindo com a eleição do atual senador
Fernando Collor de Mello para a presidência da República, nos anos de 1990.
Seu governo foi marcado por uma forte abertura da economia brasileira para o mercado externo,
buscando desconstruir as chamadas reservas internas de mercado. Os estudos que subsidiaram
esse movimento eram embasados por dados e críticas a determinados setores da economia
doméstico, considerados fechados, cartelizados e atrasados. Vale lembrar que, na época, os
carros brasileiros foram classificados como “carroça” pelo então presidente da República. Como se
observa, sem retaguarda pensante, não há como protagonizar mudanças sociais concretas, que
proporcionem a geração de emprego e renda neste imenso País, inclusive em benefício dos
“descamisados”, para usar um termo da época.