A ousadia em projetos arquitetônicos de escritórios pode render bons dividendos visuais, mas corre o risco de se transformar em anomia social, caso seja destoante em relação aos valores e crenças da organização. O alerta é da neuroarquiteta Priscilla Bencke, com base em sua análise sobre as características dos escritórios do Google que impactam positivamente a criatividade de seus funcionários. Aos que buscam criar ambientes que ofereçam qualidade de vida e estímulo à produtividade, inspirados na Google, a consultora recomenda que o projeto esteja em harmonia com a instituição especificamente em três pontos: cultura empresarial, colaboradores e atribuições.
A arquiteta gaúcha considera essencial que o projetista leve em conta tanto os fatores que constituem a cultura da empresa como sua identidade. As diretrizes em que a Google se baseia resultaram em uma arquitetura divertida, jovial e coerente com sua expressão. Daí ela conclui que “conhecendo a empresa de perto é possível saber se um ambiente despojado e descontraído realmente é o ideal.
O projeto deve igualmente expressar algum conteúdo que faça sentido às pessoas que trabalham na empresa. Foi o que fez a Google, considerando-se que a maioria de seus funcionários é composta por jovens, os quais também estão alinhados com a estética do ambiente, explica a especialista.
Quanto à terceira questão, destaca-se a funcionalidade física do local em comparação com o tipo de atividade que os funcionários executam na empresa. De acordo com a neuroarquiteta, a elaboração dos espaços da Google supre a necessidade criativa dos funcionários.
Em 21 anos de existência, a empresa transformou-se numa das companhias mais desejadas para se trabalhar no mundo todo. Em sua avaliação, a Google representa, de fato, uma referência para a arquitetura corporativa, tendo iniciado um modelo diferenciado de escritório. Hoje muitas empresas querem seguir esse estilo por ele ter dado certo.